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“É preciso democratizar, simplificar, credibilizar”: Projeto SUREFIT promove discussão de políticas sobre Renovação Energética de Edifícios

“É preciso democratizar, simplificar, credibilizar”: Projeto SUREFIT promove discussão de políticas sobre Renovação Energética de Edifícios

Segundo a última Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios de 2024, o objetivo passa por reduzir as emissões nos edifícios residenciais em, pelo menos, 16% até 2030

A coordenação do projeto SUREFIT organizou um Workshop de Políticas sobre Renovação Energética de Edifícios que decorreu esta quarta-feira no ISQ, no Tagus Park, em Oeiras.

O evento pretendeu debater as oportunidades e desafios associados à renovação energética profunda do parque edificado nacional.

Numa das sessões dedicadas à Descarbonização do Setor dos Edifícios em Portugal, Prof. Eduardo Maldonado, Professor Catedrático Jubilado em Engenharia Mecânica e Especialista em Eficiência Energética em Edifícios, começou por referir que o estado atual das políticas de descarbonização de edifícios encontra-se num estado de “cuidados 'empaliativos'”, com a existência de “muito papel, muitas políticas”, sem que nada seja feito.

De acordo com a última Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (Energy Performance of Buildings Directive, em inglês – EPBD) de 2024 coloca como objetivo reduzir as emissões nos edifícios residenciais em, pelo menos, 16% até 2030 e 20-22% até 2035, com a próxima meta a apontar para edifícios com carbono zero.

A realidade da descarbonização dos edifícios traz, no entanto, custos acrescidos e dores de cabeça a quem necessita de a aplicar: “As pessoas estão a ver a renovação dos seus edifícios como um pesadelo”, sublinhou o Prof. Eduardo Maldonado.

Os edifícios hoje em construção estão muito longe da descarbonização, alertou o Professor Catedrático, referindo que os edifícios a construir atualmente já deveriam estar preparados para a descarbonização até 2050. “A nossa definição de zero é bastante permissiva e, portanto, vai obrigar-nos a gastar dinheiro”, referiu.

Com um cenário pautado pela crise na habitação e pelo aumento dos custos na construção, associados também à escassez de mão de obra, o Prof. Eduardo Maldonado considerou que “é forçoso descarbonizar, fazer exercícios. É preciso democratizar, simplificar, credibilizar. Os concursos do fundo ambiental têm sido uma desgraça”.

José Dias, Product Manager da Smart Energy LAB (SEL), apresentou uma solução de gestão de energia residencial que passa por “resolver desafios relacionados com a enorme integração desta geração distribuída renovável ou solar” e com o armazenamento de energia, uma questão cada vez mais relevante no presente.

José Dias sublinhou que o caminho passa por uma transformação de consumidores para “prosumidores”, ou seja, não só contribuir para a produção da própria energia, como também para o seu armazenamento. “Não sei se existe a noção do que é o desafio no setor residencial de integrar, coordenar e otimizar todos os ativos, não só o solar, que não é um ativo flexível, mas de baterias, carregadores de veículos elétricos, não só em bombas de calor, mas também nos termoacumuladores convencionais”, esclareceu.

Seguiu-se a apresentação de Vanessa Tavares, Head of Sustainability da BuiltColab. Pensado para ajudar a indústria da construção, o CoLab tem por missão apoiar o setor na dupla transição de digitalização e sustentabilidade.

No que diz respeito à economia circular, Vanessa Tavares relembrou que o contexto português é composto, na sua esmagadora maioria, por micro e pequenas e médias empresas, o que pode se pode revelar um desafio. Outros constrangimentos passam pela falta de produtividade e pela escassez de recursos humanos. “Temos alguns processos já adaptados, mas temos um completo desconhecimento da cadeia de valor”, alertou.

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