As medidas tomadas para compensar o impacto ambiental da construção do novo sistema eletroprodutor do Tâmega incluem a reflorestação de mil hectares de floresta, realizada em conjunto com as câmaras municipais abrangidas
A Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do Sistema Eletroprodutor do Tâmega estabeleceu a necessidade da realização de um Programa de Compensação de Fauna e Flora para compensar, do ponto de vista ecológico, os impactos da construção deste projeto tão importante para o cumprimento dos objetivos estratégicos de Portugal na produção de energia verde. Árvores, peixes, flores e outros animais estão a ser estudados detalhadamente para se reorganizarem e se manterem em equilíbrio ecológico num ambiente natural ainda mais diversificado. Na implementação destas medidas está a ser feito um trabalho conjunto com as câmaras municipais abrangidas pelo projeto do Tâmega nomeadamente com Boticas, Cabeceiras de Basto, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena e Chaves. Os objetivos desta colaboração são, por um lado, promover a contratação de empresas e associações locais e, por outro envolver as comunidades nestas ações. As Medidas de Compensação de Fauna e Flora projetarão a conceção de uma floresta mais variada e funcional, com a criação de corredores ecológicos, que irão permitir uma melhoria na conectividade biológica em toda a envolvente dos espaços florestais. Estes corredores vão possibilitar o deslocamento de animais de áreas isoladas, garantindo maior interação entre as populações das várias espécies e contribuindo para a sua sobrevivência através do aumento da diversidade genética e disponibilidade de alimento. A rearborização de sobreiros foi, paralelamente, um compromisso assumido com grande empenho, com o de cultivo desta espécie numa área, aproximadamente, 50% maior do que a do povoamento afetada, totalizando a plantação de 18 mil sobreiros. As ações compensatórias são uma grande oportunidade nestes municípios para a recuperação das áreas queimadas. A questão preocupante dos incêndios foi uma grande prioridade no redesenho da flora regional, com a plantação de várias árvores autóctones de reduzida inflamabilidade, em locais estratégicos, com o objetivo de impedir a propagação de fogos florestais. A restauração das galerias ripícolas tem sido, também, um foco importante nestes trabalhos, com o objetivo de serem criadas condições para uma maior sobrevivência de várias espécies. Como exemplo, a toupeira de água, animal que necessita de um habitat propício e requisitos particulares para prosperar, o que o torna um bioindicador, está a ser alvo de extraordinário processo de intervenção. Várias espécies protegidas estão a ser transferidas e produzidas através de técnicas laboratoriais que asseguram a manutenção do ecossistema natural destas localidades e o renascimento melhorado de toda a fauna e flora autóctones. Recorde-se que estas medidas serão implementadas antes, durante e após as obras do Sistema Eletroprodutor do Tâmega e continuarão durante a exploração do projeto. O Sistema Eletroprodutor do Tâmega é um dos maiores projetos hidroelétricos na Europa, nos últimos 25 anos, contemplando a construção de três barragens (Daivões, Gouvães e Alto Tâmega) e um investimento de 1.500 milhões de euros. O complexo contará com uma potência instalada de 1.158 megawatts (MW), alcançando uma produção anual de 1.760 gigawatts hora (GWh), ou seja, 6% do consumo elétrico do país. |