Numa pesquisa realizada a mais de 4.500 empresas do sector energético e elétrico a nível mundial, o estudo da Marsh JLT Specialty revela que perto de 40% das empresas deste sector sofreu algum tipo de interrupção do negócio em abril de 2020, como resultado do impacto do surto de COVID-19
No mês de abril, a Marsh JLT Specialty realizou uma pesquisa junto de mais de 4.500 empresas do sector energético e elétrico a nível mundial. O objetivo deste estudo foi o de compreender como a indústria respondeu e conseguiu mitigar o impacto da redução repentina da procura mundial de energia e da queda do preço do petróleo. Dos inquiridos fazem parte pequenas e grandes empresas, incluindo empresas do sector energético, como produtores de energia elétrica, distribuidoras e mesmo petrolíferas, petroquímicas e derivados. Cerca de um terço (31%) das empresas de energia (petróleo, gás, petroquímica e derivados) e elétricas responderam que não experienciaram qualquer interrupção da atividade, desde que o surto de COVID-19 surgiu como uma ameaça global. No entanto, de acordo com os resultados deste survey da Marsh JLT Specialty, mais de um terço (38%) das empresas sofreu uma interrupção em abril de 2020. Por outro lado, 28% confirmou ter experienciado paralisações, desde janeiro de 2020. O relatório acrescenta que, apenas a partir de abril, as empresas elétricas e renováveis norte-americanas começaram a sentir efeitos de rutura. No entanto, na Europa Ocidental e em empresas petrolíferas nacionais integradas ou internacionais, as perturbações sentiram-se muito mais cedo, em janeiro de 2020. As grandes empresas (medidas pela dimensão de produção) não sofreram grandes interrupções, enquanto que as pequenas e médias empresas foram as que sofreram um maior impacto. Inquiridas sobre qual a duração desta interrupção considerando como início abril, a resposta mais comum é a de que demore entre 4 a 6 meses (22%), seguida de 19% que afirma que durará entre 7 a 9 meses e 13% acredita que será de 10 a 12 meses. Apenas 3% referiu que durará 3 meses ou menos. Mais de um décimo (13%) dos inquiridos referiu que, desde o início do ano até à data, o impacto financeiro tinha excedido os 100 milhões de dólares; 10% afirmou esperar que o impacto financeiro global do ano de 2020 seja de mais de 500 milhões de dólares. Uma pequena percentagem (3%) das empresas reportou incidentes de segurança que podem ser atribuídos ao surto de COVID-19, não sendo nenhum desses incidentes considerado como grave.
Limites OperacionaisUma das conclusões que o relatório apresenta é a de que dois terços das empresas, destes sectores de energia, não esperavam que os serviços de manutenção e outros serviços de avaliação como de integridade mecânica dos ativos, condicionados pelo COVID-19, fossem um fator de risco crítico, que levasse à interrupção do negócio. Quase metade das empresas inquiridas (41%) foram impactadas pela procura do cliente. No entanto, as empresas mencionam que a capacidade dos seus principais fornecedores, para a entrega e as limitações logísticas têm maior probabilidade de os vir a impactar no futuro, embora a maior parte ainda não tenha sido afetada pelos fornecedores. Apesar do impacto do armazenamento de matérias-primas e/ou produtos ainda não ter atingido o seu ponto máximo, foi apontado como uma das causas da interrupção com probabilidade de se tornar mais grave. A maior parte dos operadores não esperava que questões técnicas e operacionais se tornassem causas de interrupção do negócio, o que evidencia grande capacidade de reação do sector, com os mesmos a encontrar planos alternativos de engenharia e de equipamentos.
Controlo de custosDevidamente acautelados e tendo presente uma adequada gestão de riscos, a redução temporária de custos é uma das medidas que está a ser contemplada por empresas de energia, de modo a mitigar, a curto prazo, restrições de cash-flow. Reduções e adiamentos nos investimentos são medidas de gestão de custos planeadas e em curso, apontadas por mais de metade dos inquiridos. O adiamento de serviços de manutenção, não essenciais, é a segunda opção apontada como estratégia de redução de custos, com mais de metade das empresas a referir que, muito provavelmente, irão reduzir estes serviços no ano de 2020. A manutenção essencial está assegurada, sendo que, mais de 60% das empresas refere que este nem sequer foi um tema considerado. A maior parte das empresas definiu cronogramas de retorno à normalidade, sendo que dois terços das empresas não consideram adiar estes planos. Algumas organizações estão a reduzir o número de colaboradores efetivos, em funções não essenciais fora do processo de operações, embora grande parte não esteja a considerar tomar esta atitude.
RecuperaçãoNa grande maioria dos casos (mais de 85%), as empresas não estão à procura de oportunidades para voltar a otimizar os seus negócios, estando, por outro lado, focadas em garantir defensivamente a continuidade das operações seguras. Apenas algumas empresas optam por anunciar novos produtos; reconverter equipamentos e arrendar novas instalações para minimizar esta disrupção ou responder a uma eventual repentina procura dos clientes. Quase todas as empresas têm a equipa separada e mudaram os modelos de trabalho (incluindo o trabalho remoto). O número de horas extraordinárias do pessoal operacional aumentou. Cerca de metade das empresas inquiridas estão, pelo menos, a rever os planos corporativos e organizacionais, com o intuito de reduzir o número mínimo necessário de colaboradores nas áreas operacionais. Algumas já estão em processo de implementação.
|