ENERGIAS
Porto Santo: o projeto que poderá transformar a energia portuguesa

Porto Santo: o projeto que poderá transformar a energia portuguesa

Implementado pela EEM em conjunto com a Schneider Electric para maximizar o aproveitamento de energias renováveis, o projetor poderá, em caso de sucesso, ser aplicado ao resto do território português

As energias renováveis em Portugal tendem a ser um tópico de polémica: apesar de quase metade da energia produzida no país prover de fontes renováveis, esta corresponde a uma proporção comparativamente pequena do consumo. Com a excepção de ocasionais períodos de poucos dias (geralmente no verão), o grande investimento português em energias renováveis tem pouco impacto no nosso consumo de combustíveis fósseis – e um enorme impacto no preço da eletricidade.

Isto deve-se ao facto de as redes elétricas como as conhecemos não terem a capacidade para depender de fontes renováveis, devido à variabilidade das mesmas e à necessidade de produzir energia em tempo real relativamente ao consumo, o qual, por seu lado, está sujeito a picos acentuados ao longo do dia.

Parte da abordagem a este problema passa pelo armazenamento de energia em larga escala; o resto corresponde, maioritariamente, a soluções Smart Grid.

É por este motivo que um projeto como o que está a decorrer na Madeira é particularmente interessante. A estratégia Porto Santo Sustentável é um projeto da Empresa de Energia da Madeira com vista a "tornar a ilha no primeiro território europeu sem combustíveis fósseis e emissões quase nulas de dióxido de carbono". Parte disto passa, naturalmente, por uma transformação da rede elétrica da ilha de forma a viabilizar uma maior dependência das fontes de energia renováveis, empreendimento para o qual a EEM escolheu a Schneider Electric.

A aposta da EEM nas soluções de Smart Metering e Smart Grid da Schneider Electric irá – em teoria – permitir dotar a rede de Porto Santo de inteligência, assegurando uma agilização da sua operacionalidade e consequentemente optimização da eficiência energética. Isto, por seu lado, irá não só reduzir o consumo e desperdício de energia associados a uma rede elétrica tradicional, mas também ajudar a incrementar a penetração de renováveis na rede, minimizando a dependência de combustíveis fósseis.

Esta solução irá disponibilizar funções avançadas de monitorização, controlo e automação e irá aplicar as mais recentes tecnologias de comunicação para operações locais e remotas, permitindo minimizar as interrupções de fornecimento, otimizar o desempenho da rede e reduzir custos operacionais na ilha.

Baseada na arquitetura integrada EcoStruxure Grid, a solução envolve, entre outros elementos, sensores de Baixa e Média Tensão, o Easergy T300 (solução de automação redes inteligentes da Schneider), dois data centers (um para telecomunicações e outro para processos), contadores inteligente, e o sistema AMI/MDM, que será totalmente integrado com os atuais sistemas corporativos de gestão da EEM.

Outras funcionalidades das soluções a serem implementadas incluem faturação mensal baseada no valor real de energia consumida – eliminando-se a faturação por estimativa e leitura presencial – e serviços de cliente prestados sem necessidade presencial de equipa técnica ou do cliente.

Parte da razão pela qual Porto Santo é tão bom candidato a um projeto com este é o facto da ilha funcionar, de certa forma, como um tubo de ensaio – uma área pequena, isolada do resto do território, e por isso fácil de controlar e estudar. O que pede a questão: no caso de o projeto demostrar bons resultados no ambiente relativamente controlado da ilha, será viável transpô-lo para outras àreas do território português?

"Sim, sem dúvida," garante João Rodrigues, Country Manager Schneider Electric Portugal. "O digital não é o futuro, mas sim o presente. O grande desafio agora, mas principalmente no futuro, será a forma como vamos gerir a energia cujo consumo se estima que venha a duplicar. É nosso objetivo e ambição continuar a contribuir para projetos desta natureza e dimensão que acrescentam valor à visão da Schneider Electric. O projeto Porto Santo é apenas uma parte daquilo que temos vindo a desenvolver em território nacional."

O projeto já arrancou, e a Schneider prevê que até ao final do primeiro semestre de 2019 esteja totalmente implementado em toda a ilha. A partir daí, é esperar para ver.

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