O ritmo acelerado das mudanças tecnológicas e sociais tem levado os CIOs a uma nova atitude de urgência e disposição a experimentar com iniciativas Smart City e open data, de acordo com a Gartner. Se implementada corretamente, esta mudança irá colocar os governos numa posição central na inovação tecnológica na sociedade.
“À medida que os cidadãos usam cada vez mais tecnologia pessoal e redes sociais para organizar as suas vidas, os governos e os negócios aumentam os seus investimentos em infraestrutura e administração tecnológicas,” afirma Anthony Mullen, Research Director na Gartner. “Isto dá lugar a plataformas abertas que capacitam os cidadãos, comunidades e negócios para inovar e colaborar, e eventualmente fornecem soluções úteis que vão ao encontro das necessidades cívicas”
Consequentemente, a Gartner prevê que, em 2019, 50% dos habitantes de cidades com populações na ordem dos milhões irão beneficiar de iniciativas Smart City ao disponibilizarem voluntariamente os seus dados pessoais. O volume e diversidade dos dados gerados por cidadãos continuarão a crescer em função da proliferação de dispositivos de consumo e da Internet of Things. Cidadãos irão experienciar alguns dos benefícios de partilhar dados passivamente, através de colaboração governamental e comercial. No entanto, à medida que esta hiperconetividade prolifera, os cidadãos tornar-se-ão mais cientes do valor dos seus “dados de vida” e irão estar dispostos a oferecê-los proativamente em troca de valor “no momento.”
Este processo de permuta de dados está a ser catalisado pela priorização da eficiência e conveniência. Por exemplo, um dos maiores obstáculos à interação dos cidadãos com o governo é a complexidade da comunicação através de vários pontos de contacto. Uma questão tão simples como “sou elegível para votar?” pode sujeitar um cidadão a regras e processos complexos ao longo de vários websites.
Por este motivo, os cidadãos estão cada vez mais a escolher plataformas como assistentes pessoais virtuais e serviços de mensagens automatizados em vez de apps e sites tradicionais. Os governos estão também a adaptar-se a esta mudança—por exemplo, o Departamento de Segurança Pública de Utah, Estados Unidos, disponibiliza uma prova de prática para o exame de condução através da Amazon Echo, e Singapura está a colaborar com a Microsoft para a sua iniciativa “conversation as a platform” para desenvolver chatbots no contexto de uma série de serviços públicos.
Uma consequência disto é que o volume de dados machine readable sobre a forma como os cidadãos interagem com o governo e a sua cidade está a crescer rapidamente. Isto cria uma enorme oportunidade de desenvolver portais de open data que podem vir a aumentar a eficiência, melhorar a experiência dos cidadãos, potenciar inovação e gerar receitas para organizações governamentais.
“Portais de dados abertos em cidades não são inéditos, mas hoje em dia muitos portais têm machine readability limitada e consequentemente valor de negócio limitado, explica Bettina Tratz-Ryan, Research Vice President na Gartner. “A cidade torna-se “smart” quando os dados são recolhidos e geridos de tal forma que produzam fluxos com valor e em tempo real, em vez de apenas relatórios ou estatísticas retrospectivos.”
Algumas cidades estão já a criar pontos de mercado de dados, especialmente no seguimento do crescente fluxo de dados resultante da IoT. Um percursor deste movimento é a Copenhagen Data Exchange, que abre o caminho a conetar cidadãos com os dados, disponibilizar registos públicos da cidade online, e oferecer uma variedade de filtros pelos quais visualizar a informação.
O próximo passo para construir um verdadeiro pontos de mercado de dados é oferecer e gerir estes dados para benefícios mais comercialmente orientados. A Gartner prevê que 20% de todas as organizações governamentais locais irão gerar receitas através de open data com valor acrescentado através de pontos de mercado de dados em 2020. A chave para a rentabilização será a automação e expansão da experiência do utilizador para permitir ao cidadãos e negócios descobrir e organizar dados para encontrar padrões e partilhá-los com a sua comunidade ou organização.
“Os utilizadores terão uma série de opções para ‘pagar’ o acesso a dados em função do caso de uso,” afirma Tratz-Ryan. “Um cidadão normal poderá simplesmente participar via democracia de dados e ter acesso livre em troca de oferecer os seus próprios dados, enquanto uso comercial poderá requerer partilhar as receitas com o titular dos dados, ou comprar uma licença de acesso a uma fonte de dados com valor acrescido.” |