Mais de 100 startups portuguesas uniram esforços e ferramentas para mitigar a propagação do novo coronavírus e ajudar as pessoas e empresas a navegar a situação com que nos estamos a deparar
O movimento Tech4COVID19 foi criado o propósito de mobilizar o setor tecnológico português para mitigar a propagação do COVID-19 e ajudar as pessoas e empresas a manter a normalidade durante este período atípico e, para muitos, precário. Conta já com 2000 voluntários, empreendedores e colaboradores de tecnológicas portuguesas. O movimento passou, não pela criação por parte de uma entidade pré-existente, mas sim pela união de esforços dentro da comunidade tecnológica portuguesa, em áreas como a cibersegurança, saúde, manutenção, recursos humanos, consultoria, serviços cloud, e-commerce e dispositivos médicos. “Sabemos que os desafios são em larga escala e que nenhuma entidade pode responder aos mesmos sozinha, pelo que, neste momento, exige-se um trabalho conjunto, tanto entre as empresas como entre setores de atividade”, refere Liliana Pinho, responsável pela Tech4COVID19, em declarações à Smart Planet. “O nosso objetivo, enquanto comunidade tech4COVID19, é contribuir para a resolução de alguns dos desafios, visto que esta é uma situação sem precedentes, em que ninguém sabe o que vai acontecer concretamente”. A organização está, assim, em constante contacto com entidades como a Direção-Geral de Saúde, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e as Administrações Regionais de Saúde, e ainda o Governo, de forma a validarem os esforços do movimento e garantir que estes têm de facto um impacto positivo e acrescentam valor ao trabalho que já está a ser feito, de forma a ir ao encontro das necessidades atuais e não correr o risco de criar obstáculos às operações que estas entidades têm em curso. “O nosso objetivo será sempre trabalhar em linha com todas estas instituições, nunca em paralelo”, conclui a responsável.
ProjetosJá existem cerca de 15 projetos no âmbito do Tech4COVID19, alguns no ativo e outros ainda em desenvolvimento. O mais recente é o STOP COVID-19, campanha de angariação de fundos para adquirir equipamento médico como máscaras, luvas e fatos de proteção, a serem doados a centros hospitalares e unidades de saúde. A companha pretende ainda angariar um mínimo de 100.000 euros para financiar medidas de proteção individual dos profissionais de saúde, visto que o seu contágio compromete necessariamente os cuidados prestados a doentes. Outros projetos, que serão posteriormente divulgados em maior detalhe, incluem o suporte ao rastreamento de redes de contágio, videochamadas entre médicos e doentes, a criação de uma rede de suporte a médicos e enfermeiros deslocados, ajuda a pessoas que simplesmente necessitam de ajuda para ir às compras ou à farmácia, um chatbot para resposta a dúvidas dos apoios concedidos pelo Estado às empresas e às pessoas singulares, divulgação de informação e recrutamento de profissionais de saúde, bem como a criação de um sistema que permita à população verificar sintomas sem necessidade de ir ao médico. “Estamos a tentar ajudar, principalmente, nas necessidades quotidianas da população, algo que vai ter impacto na forma como as pessoas encaram e se adaptam a esta nova condição”, acrescenta Liliana Pinho. Um exemplo disto é o projeto #WeMoveIt, desenvolvido com a plataforma de recolha e entrega de bagagens LUGGit, que permite fazer o envio de qualquer tipo de bens entre cidades diferentes. Assim, quem tenha familiares mais idosos a viver longe e precise de enviar bens essenciais, como comida ou medicação, poderá fazê-lo através deste projeto. A Tech4COVID19 tem ainda plataformas parceiras que estão a apelar ao voluntariado jovem, de forma a que a população de menor risco possa contribuir para que estes produtos cheguem aos mais vulneráveis – tendo, garante Liliana Pinho, todas as precauções no que respeita à sua própria segurança e higiene. A Tech4COVID19 criou também uma plataforma para facilitar o alojamento de médicos e enfermeiros deslocados. Outra área de atuação desta organização é a mitigação do isolamento social experienciado pelas pessoas em quarentena, por exemplo através da criação de eventos online. Estão também atentos, explica a responsável, a todos os novos problemas que vão surgindo na vida das pessoas em isolamento social, para o futuro desenvolvimento de soluções. “Além disto, pretendemos ter, já nos próximos dias, mais projetos que possam impactar de forma positiva as pessoas, a sua vida e a forma como encaram este problema, sendo o nosso principal foco trabalhar com e para a população”, conclui. Relativamente a resultados, Liliana Pinho absteve-se de partilhar valores, devido ao movimento ainda se encontrar numa fase muito inicial. Contudo, garante que os projetos já estão a chegar à população, e a Tech4COVID19 tem sentido uma rápida evolução e crescimento. |