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Pessoas, Tecnologias e Sustentabilidade em foco nas Jornadas da Manutenção

Pessoas, Tecnologias e Sustentabilidade em foco nas Jornadas da Manutenção

"Construindo o Amanhã: Pessoas, Tecnologias e Sustentabilidade na Vanguarda da Manutenção" foi o tema das Jornadas de Manutenção 2024, nas quais a Associação Portuguesa de Manutenção e Gestão de Activos convidou 11 oradores e 3 moderadores para falar sobre Pessoas, Tecnologias e Sustentabilidade

Depois de um dia de partilha de ideias sobre três temáticas fundamentais no setor atual da Manutenção e Gestão de Ativos, as Jornadas de Manutenção de 2024 terminaram com um balanço positivo, registando um total de 120 participantes, praticamente o dobro em comparação com a última edição em 2022. Nestas Jornadas, a A.P.M.I. – Associação Portuguesa de Manutenção e Gestão de Activos convidou 11 oradores e 3 moderadores para falar sobre Pessoas, Tecnologias e Sustentabilidade, e contou com o apoio de 8 patrocinadores e um media partner.

O certame, que decorreu no Hotel Ipanema Park, no Porto, a 17 de outubro, começou com a sessão de abertura pelo Presidente da APMI, João Cruz, e do Vice-Presidente Nacional da Ordem dos Engenheiros, Jorge Liça. “A manutenção e gestão de ativos estão no centro de qualquer organização que procura evoluir”, referiu João Cruz, representante da TDGI, empresa que detém a presidência da Associação no atual mandato, refletindo sobre a importância das três temáticas em destaque no estado atual do setor e da sociedade. Por sua vez, Jorge Liça, para além de explicar o funcionamento da Ordem dos Engenheiros (OE), particularizou a sua abrangência para o setor da Manutenção e Gestão de Ativos, falando nas Especializações de Manutenção e de Gestão de Ativos. “ Enfrentamos uma fase mais exigente e quero terminar com uma pergunta: que profissionais devem estar presentes nesta fase? Os engenheiros!”, acrescentou o Vice-Presidente da OE, apontando para a OE como uma ferramenta para favorecer e fornecer formação aos engenheiros.

O Principal da EY-Parthenon, Hermano Rodrigues, foi o orador convidado para keynote speaker da edição de 2024 das Jornadas de Manutenção da A.P.M.I.. Com uma sala cheia, o consultou agradeceu ao “pulmão invisível da economia” – o setor da manutenção- e apresentou tendências macroeconómicas a vários níveis. Falou sobre produtividade, imigração, geopolítica, tecnologia, sustentabilidade e muito mais, afirmando que “a sustentabilidade está a influenciar muito o tema da tecnologia e vice-versa”. Nesse sentido,Hermano Rodrigues deixou os presentes com três mensagens chave :em primeiro lugar, a necessidade de investir em tecnologias digitais, de forma a melhorar a eficiência, a segurança operacional e a competitividade; em segundo lugar, a importância de preparar os trabalhadores para a crescente automação, investindo na sua requalificação; e, por fim, o dever de adotar práticas sustentáveis, para “não só cumprir com regulamentações ambientais, mas também agregar valor a longo prazo às empresas”.

 

Há 20 anos a explorar as temáticas mais relevantes do setor

As Jornadas de Manutenção, que têm sido organizadas de dois em dois anos desde 2004, são um espaço de discussão de temas em destaque no setor. A edição de 2024 não foi diferente, tendo o dia sido divido em três painéis temáticos.

O primeiro, dedicado à Tecnologia, foi conduzido por Joaquim Vieira, membro da Direção da APMI, e contou com a participação de Diego Galar, da Luleå University of Technology (LTU), e de Tiago Fernandes, da SAP. De forma remota, Diego Galar abordou a Manutenção 5.0 e o metaverso. “Vamos saltar do mundo real para o mundo digital. Aí vamos interagir com ferramentas dos nossos ativos”, explicou o académico, que acredita que a Manutenção 5.0 tem por base a interação social através da tecnologia.

Por sua vez, Tiago Fernandes apresentou exemplos práticos de soluções de software aplicadas pela SAP, seja na automação de processos, na análise preditiva ou nos gémeos digitais. “O futuro da manutenção nos próximos 5 anos será pessoas, wearables e robots. Todos em conjunto”, disse o Bussiness Development Manager. Em jeito de conclusão esperada, o painel terminou com a partilha de ideias sobre como fazer uma transformação digital bem sucedida e qual a sua importância.

 

Um setor em evolução constante

De tarde, as Jornadas de Manutenção começaram por se focar nas Pessoas. A introdução ao tema foi feita por Paulo Peixoto, da ATEC - Academia de Formação, através da apresentação das conclusões do estudo “Retrato dos Profissionais de Manutenção nas Empresas Portuguesas”, um esforço conjunto da ATEC, da CIE - Comunicação e Imprensa Especializada e da A.P.M.I.. Com destaque para temas como o bem-estar, a segurança, a literacia digital e a competência social dos profissionais, Paulo Peixoto abordou o tema da falta de mão de obra, advertindo que “ a falta de recursos humanos qualificados na área da manutenção pode levar à sua falha”.

De seguida, Paulo Peixoto moderou o painel temático reservado ao tema, que contou com a participação de Adelino Santos, do CENFIM, Luís Victório, da TDGI, e Mário Aguiam do ISQ. O primeiro a partilhar as suas ideias foi Adelino Santos que se debruçou sobre a formação. “O desafio de todas as tecnologias é sempre pedagógico. Temos de formar os nossos trabalhadores e alunos para que essas ferramentas sejam proveitosas para as empresas”, explicou, partilhando com os presentes que existe o intuito nacional de subir para 50% a media dos jovens que optam pelo ensino secundário profissional, que atualmente ronda os 40%.

Se Adelino Santos dizia que “as empresas devem estar de mãos dadas com a formação profissional”, Luís Victório não podia deixar de acrescentar que uma realidade muito comum é a chegada de um novo profissional ao mercado de trabalho, vindo da universidade, sem qualquer noção do que é uma empresa e qual o seu funcionamento. O Diretor de Recursos Humanos abordou o tema segundo o ponto de vista de uma empresa, demonstrando que o caminho passa por valorizar o profissional, apostando em formação.

Por sua vez, Mário Aguiam falou em mudança, introduzindo o conceito de Manutenção 6.0, que incluiu a autonomização e a decisão operacional por parte do trabalhador. “Vai haver mais necessidade de recrutamento porque as pessoas já não querem empregos para a vida e nem as empresas o querem”, desafiou o responsável pelas Especializações em Gestão da Manutenção e em Facility Management.

 

Sustentabilidade a 3 níveis: pessoas, empresas e clima

O terceiro e último painel das Jornadas da Manutenção 2024 foi o mais preenchido, com a participação de quatro oradores e com a moderação de João Rodrigues, Diretor Executivo da APIEE, Associação Portuguesa dos Industriais de Engenharia Energética. O primeiro a subir ao palco foi Pedro Couto, da EDP, que apresentou os objetivos da empresa do setor energético a longo prazo: 2025 sem carvão na produção, 2030 só com energia renovável e 2040 Net Zero. Como? “Com um investimento forte em projetos de valorização da biodiversidade”, explicou.

A Pedro Couto seguiu-se Rui Bessa, responsável da Área Técnica na REN Portgás Distribuição. Aqui, o especialista procurou abordar a sustentabilidade de outro ponto de vista, vendo a sustentabilidade como um negócio e explicando aos presentes como se pode vir a adaptar a tubagens existente em Portugal para acomodar hidrogénio.

Se Rui Bessa olhou para a sustentabilidade do ponto de vista do negócio, Artur Costa do CEiiA desafiou os presentes a olhar para sustentabilidade numa perspetiva de mobilidade. “Vivemos quase todos nas cidades, mas as cidades foram pensadas para os carros”, continuou. O Senior Manager de Valorização questionou a audiência se seria possível viver sem carros numa cidade, sendo que 95% do tempo estes veículos estão parados, tocando em temas como a mobilidade partilhada, os transportes públicos e a economia da partilha como opções do futuro. “As cidades de amanhã têm de ser pensadas a partir da sustentabilidade e têm de ser pensadas envolvendo as pessoas”, rematou.

A última intervenção do dia coube a Ana Patrício, Iberia ESG Officer da Schneider Electric. A embaixadora da sustentabilidade para Portugal da marca apresentou as políticas sustentáveis da Schneider Electric. Segundo Ana Patrício, são vários os compromissos globais e locais que a empresa trabalha, como reduzir o CO2, seja a nível interno ou nos fornecedores, evitar a utilização de plástico e o uso único ou desenvolver a confiança dos trabalhadores, por exemplo. “Por detrás de tudo existe uma estratégia, que trará certamente bons resultados a vários níveis. A melhor solução ambiental vai ser eventualmente a melhor solução económica também”, concluiu.

 

Uma visão posta no futuro

O encerramento das Jornadas de Manutenção 2024 coube a José Carlos Coutinho, Vice-Presidente da Direção da APMI, que para além de agradecer a presença de todos, fez referência ao futuro da atividade da Associação, que conta com um novo website, enumerando vários eventos futuros para 2025, como o 5.º Congresso Nacional de Manutenção e Gestão de Activos organizado pela AAMGA em março em Luanda, o seminário APMI durante a EMAF em maio e o 18.º Congresso Nacional de Manutenção da APMI, que irá decorrer no segundo semestre do ano, em Lisboa.

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