À primeira vista, Yinchuan pode não parecer excepcionalmente futurista, uma cidade histórica com uma mistura interessante mas inconspícua do moderno e do antigo. As aparências, no entanto, enganam: esta é a base para o maior de 193 projetos smart city na China, e a Internet of Things permeia os seus sistemas, da gestão de resíduos à câmara municipal.
Em Yinchuan, a sua cara é o seu cartão de crédito. Em autocarros locais, software de reconhecimento facial é já usado para cobrar entrada. Como uma impressão digital pode desbloquear um smartphone, as caras dos passageiros são associadas às suas contas bancárias, o que significa que o embarque não é abrandado por pessoas à procura do seu passe, bilhete, ou dinheiro, e a ausência destes não impede o embarque: a entrada constitui o ato de pagamento.
Contentores de lixo públicos alimentados a energia solar estão a ser testados no contexto do projeto Smart Community Project da cidade, um ‘laboratório habitado’ que funciona como uma mini-cidade dentro da cidade. Os caixotes emitem um sinal quando estão cheios de forma a que o sistema de recolha de lixo saiba quando os esvaziar.
Viagens ao supermercado são também, potencialmente, um assunto do passado. Os habitantes de Yinchuan podem fazer compras através de uma app nos seus smartphones, e em vez de esperar em casa para que os bens cheguem, podem recolhe-los em “ smart lockers” refrigerados no centro da cidade.
Na câmara municipal, os residentes são recebidos, não por pessoas, mas por hologramas. Uma série de códigos QR são exibidos nas paredes, permitindo aos residentes obter respostas rápidas a questões frequentes, evitando filas. Numa recente feira de emprego, por exemplo, pessoas à procura de trabalho podiam ler os códigos para obter informação rápida sobre vagas de emprego.
Cada interação que um cidadão possa ter com o governo, desde obter uma licença a renovar um passaporte, ocorre aqui. Muitos dos processos que requereriam interações cara-a-cara foram eficientemente tornados online—o que, por requerer estandardização e sistematização dos protocolos, elimina burocracia desnecessária e heterogeneidade inter-departamental, permitindo uma maior fluidez dos processos internos do governo local.
Yinchuan é um de quase 200 projetos smart city piloto na China. Tendo previsto um êxodo de até 250 milhões de habitantes das zonas rurais para cidades até 2050, o governo central chinês está determinado a tornar as suas zonas urbanas mais eficientes e equipá-las com a tecnologia necessária a lidar com um fluxo populacional desta escala.
Para cimentar a sua posição como líder em smart cities, Yinchuan acolheu nos últimos dois anos a conferência anual “Smart City in Focus,” a qual atraiu este ano 1000 representantes de 66 países diferentes.
Com uma população de 1,5 milhões Yinchuan pode talvez não parecer a escolha óbvia para líder de smart cities; pelo menos não em comparação com cidades como Xangai, com 24 milhões de habitantes e uma muito maior necessidade de sistemas eficientes para gerir e acomodar a sua população. No entanto, o seu pequeno tamanho constitui um benefício para um programa como este. Uma cidade de menores dimensões constitui uma folha em branco, com maior flexibilidade para adotar novas tecnologias e integrar novos sistemas; um pequeno ecossistema é mais fácil de controlar e monitorizar, sendo portanto ideal para testar e desenvolver sistemas eficientes. Adicionalmente, a melhoria da qualidade de vida inerente a estas mudanças irá atrair pessoas que de outra forma iriam para grandes cidades como Xangai e Pequim, potenciando o crescimento da cidade—um crescimento com o qual a cidade já conta, com ruas inteiras de prédios de apartamentos vazios à espera de novos habitantes. |