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Enterprise networking: novos paradigmas para um mundo pós-pandémico

Enterprise networking: novos paradigmas para um mundo pós-pandémico

A descentralização das redes empresariais, bem como o atual clima de incerteza económica e necessidade de as empresas acompanharem o ritmo da digitalização, leva a que as redes empresariais se tenham de tornar cada vez mais resilientes, flexíveis e seguras, salvaguardando simultaneamente o investimento e a continuidade de negócio

Passado um ano, já se torna desnecessário mencionar que a pandemia afetou profundamente determinado setor tecnológico. Dito isto, o segmento de enterprise networking foi possivelmente o que sofreu maior transformação, por virtude do papel que representa no ecossistema de IT de qualquer organização.

Transversalmente integrais a todos os processos de uma organização, as redes empresariais eram, até março do ano passado, dadas como garantidas pela maioria das pessoas que não estivessem diretamente envolvidas na sua gestão e manutenção. Na ausência de algo seriamente errado, ou da necessidade de um upgrade significativo, a maioria dos colaboradores, e mesmo dos decisores, raramente teria de pensar em como o tráfego dos dados da organização é feito, como influencia os processos e continuidade de negócio, ou se está devidamente seguro. Num ambiente tradicional centralizado – assumindo que não está a decorrer um deployment, upgrade ou migração – tudo isto é dado como garantido, provado e testado após a implementação e, dada a relativa invariabilidade dos processos, assumidas as condições ideais.

A realidade mudou com a pandemia: redes que eram centralizadas tornaram-se dispersas, perímetros de segurança alargaram-se e esbateram- se e, em muitos casos, a súbita necessidade de digitalização dos processos levou a que se tornasse necessário repensar toda a infraestrutura de IT e, como tal, de networking.

“Redes que estavam circunscritas a um escritório passaram a estar alargadas às casas de todos os colaboradores, e isto teve logo aí um impacto brutal do ponto de vista de gestão e de segurança”, relata André Rodrigues, CTO da Cisco Portugal. “Ninguém estava preparado para, de repente, as redes que estavam habituados a gerir passarem a alargar- se a até milhares de casas. E isso trouxe desafios grandes. Um dos quais foi a questão da gestão e na realidade, do ponto de vista da qualidade de serviço, deixamos de ter controlo da experiência que damos aos utilizadores porque passaram a estar dependentes da rede de terceiros.

Uma das mudanças que se fez mais rapidamente sentir foi a qualidade do serviço de conetividade: enquanto anteriormente a empresa tinha controlo sobre a experiência dos colaboradores, agora fica inteiramente dependente de terceiros, variando de pessoa para pessoa dependendo da sua localização, operadora e, por vezes, equipamentos. Outra questão importante é a redundância, a qual se torna impossível de garantir quando a conexão à rede da empresa pode apenas ser feita através de um serviço de Internet fornecido por terceiros.

Por seu lado, profissionais de diferentes níveis de literacia digital, que anteriormente podiam dar como garantidas a qualidade e a segurança da sua ligação à rede, ficaram subitamente responsáveis pelas mesmas, causando uma grande pressão nos processos e nos departamentos de IT.

Do hardware ao software

Esta necessidade de flexibilidade, robustez e performance das redes está a levar naturalmente ao crescimento do Software-Defined Networking (SDN), permitindo gerir ecossistemas descentralizados de forma mais dinâmica e eficiente do que os modelos tradicionais dependentes do hardware. Isto permite, numa perspetiva operacional, oferecer uma melhor performance e segurança aos utilizadores; às equipas de IT (ou fornecedores de serviços) a possibilidade de gerir e monitorizar as redes de forma remota, bem como automatizar muitos dos processos subjacentes; e às organizações a garantia de segurança e visibilidade em modelos de trabalho remoto ou híbrido. Numa perspetiva de gestão a longo prazo, a escalabilidade das redes e a possibilidade de realizar upgrades e atualizações sem necessidade de substituir equipamentos torna possível marcar passo com a rápida evolução tecnológica e necessidades de digitalização da empresa sem investir em novo hardware.

“Tanto nas LAN, como nas WAN, como nos data centers, o SDN está a ganhar cada vez mais preponderância, tanto nos clientes como nos próprios fabricantes”, refere André Rodrigues, acrescentando que “80% das redes da Cisco, e todas as redes novas, são SDN, porque é a única forma de a tecnologia evoluir à medida das necessidades”.

“Na D-Link sempre acreditámos que a gestão remota das redes para a sua gestão é uma tendência crescente, mas a pandemia tornou-a quase numa necessidade, e por isso temos conseguido grandes resultados em cloud networking”, acrescenta Antonio Navarro, Country Manager da D-Link Ibéria. Assim, explica o responsável os fornecedores de serviços têm a possibilidade de gerir as redes dos seus clientes, tanto a nível do switching como dos pontos de acesso wireless, remotamente através da cloud, a partir de um portal web ou aplicação móvel, dispensando assim a presença de um técnico in-situ.

A Cisco pretende levar isto um passo à frente, acrescenta ainda André Rodrigues, com o conceito rede unificada, que o responsável prevê vir a ser uma tendência no futuro próximo.

Uma vez feita a virtualizarão das redes, é possível que, de forma totalmente autónoma, as políticas de segurança, qualidade e SLA especificadas para os utilizadores e aplicações sejam comuns, independentemente do local ou ponto de acesso.

“Para isso é preciso que os domínios – LAN, WAN e data center – comuniquem entre si, e que haja uma política comum a todos eles, com segurança transversal e by design”. Há, refere, uma expectativa crescente, por parte dos utilizadores, de que a experiência de utilizador seja consistente, não só independentemente da localização, como também do modo de acesso – seja por Wi-Fi 6, por um cabo de switch, por 5G, etc..

“Isto só será possível com uma rede unificada, com políticas comuns, automação integrada, segurança comum e cada vez mais através do auxílio de mecanismos de inteligência artificial e machine learning porque estes níveis de resiliência, automação, flexibilidade e agilidade não são possíveis se alguém tiver de configurar manualmente os equipamentos”, indica André Rodrigues.

Do transacional aos serviços

De mãos dadas com o SDN e cloud networking vem o Network-as-a-Service. As vantagens para o cliente são óbvias: o ritmo da digitalização ultrapassa em muito a capacidade de adaptação de muitas empresas, seja a nível do investimento de capital como das equipas de IT. Assim, a possibilidade de fazer o outsourcing da gestão das redes, sem necessidade de se comprometerem para com um projeto face à incerteza das necessidades futuras, torna-se muito vantajosa – e as empresas estão a tomar consciência disto.

“Os clientes claramente despertaram para o consumo da tecnologia num modelo cloud escalável”, relata André Rodrigues. “As empresas não sabem o dia de amanhã e perceberam que o IT passou a ser crítico para o seu negócio, e que o modelo tradicional, de comprar o hardware e, passados cinco anos, fazer um upgrade, tem de evoluir para um modelo de as-a-Service”.

O responsável acrescenta ainda que os próprios Parceiros aceleraram também a criação de Managed Services flexíveis e baseados na cloud – que têm sido “muito bem recebidos por parte dos clientes” – bem como na digitalização das suas próprias empresas: “o mundo está a mudar, e as redes têm de mudar com o mundo”.

Antonio Navarro refere ainda que “a D-Link insiste que os Parceiros devem potenciar a venda de soluções de cloud networking, de forma a não venderem apenas hardware e instalação como também oferecer serviços de administração e suporte técnico remoto, visto que muitas empresas não têm um departamento de IT interno”. O responsável acrescenta, também, que é importante tomar partido dos planos de ajuda dos fundos de COVID-19 europeus para a transformação digital, principalmente na área da educação.

Segurança

Da mesma forma que as arquiteturas de rede tradicionais se estão a tornar rapidamente inadequadas ao contexto atual, o mesmo está a acontecer com os modelos de cibersegurança aplicados às mesmas.

“A conclusão a que se chegou é que o modelo de segurança que imperava não faz sentido num contexto em que estamos dispersos geograficamente; não faz sentido o tráfego ter de passar pela rede central da empresa para ser seguro”, acrescenta André Rodrigues.

Para além de uma explosão das soluções de endpoint security, isto levou à emergência de novos modelos de segurança, como é o caso do SASE – Secure Access Service Edge –, descrito pela primeira vez pela Gartner como um modelo de segurança “fornecido as-a-Service com base na identidade de entidade, contexto em tempo real, políticas de segurança e compliance e avaliação contínua do risco”. Em suma, a integração da segurança diretamente na rede de forma dinâmica e adaptável, ao invés de depender de perímetros fechados e processos rígidos.

Wi-Fi 6 e 5G

Ao considerar redes empresariais, não se pode deixar de mencionar os novos protocolos de comunicação que, apesar do atraso na sua implementação – em particular no caso do 5G em Portugal –, serão fatores essenciais para o networking no contexto dos novos modelos de trabalho e de funcionamento das empresas.

Por um lado, o 5G potenciará naturalmente a tráfego de dados em cenários geograficamente dispersos, particularmente no contexto do volume crescente de dados a circular nas redes empresariais, seja a nível dos processos ou de áreas como a videoconferência, que a longo prazo beneficiará de maior largura de banda e rapidez na conetividade. Será também extremamente relevante em contextos de mobilidade, como seja o caso dos chamados ‘road warriors’, área na qual a capacidade de ter as mesmas condições de trabalho independentemente da localização, o que só será possível com o nível de conetividade móvel que o 5G permite.

Similarmente, o Wi-Fi 6 trará consigo não só os benefícios originalmente realçados – nomeadamente a nível dos ambientes de alta densidade –, mas a segurança e qualidade de ligação que traz tanto a ambientes de escritório como de home office. Sendo verdade que não será tão cedo que centros comerciais, estádios e outros espaços públicos venham a ter os níveis de ocupação anteriormente usados para ilustrar os benefícios do Wi-Fi 6, este não deixará de constituir uma opção superior aos protocolos anteriores, especialmente para potenciar as tendências já discutidas.

E ambas as tecnologias já estão a ver adesão suficiente para se fazer sentir no Canal, relata Antonio Navarro. “A proliferação dos dispositivos de clientes compatíveis com Wi-Fi 6 e 5G, bem como as grandes vantagens técnicas de ambos os protocolos face aos anteriores, tornou necessário lançar gamas completas de pontos de acesso Wi-Fi 6 e routers 5G, pelo que a D-Link tem apostado no seu portfólio de forma que qualquer Parceiro possa abordar os inúmeros projetos que surgirão relacionados com esta migração”.

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