Para a operadora, a implementação do 5G começará no setor empresarial – para ganhar vantagem de mercado – e nas cidades, como continuação do seu já conhecido investimento em iniciativas smart city portuguesas
Oeiras, Vila Nova de Famalicão, Moita e Lagoa são algumas das cidades onde a NOS já tem projetos smart city, mas com a chegada do 5G a operadora de telecomunicações vê uma oportunidade muito maior neste segmento. Atualmente a NOS usa dados estatísticos agregados dos telemóveis das pessoas para perceber fluxos de mobilidade – dos cidadãos portugueses e turistas – e ajudar as cidades na mobilização de recursos, planeamento de intervenções e otimização de rotas. Os próximos anos vão trazer todo um novo conjunto de informações. “Os carros autónomos ou os carros de condução assistida vão precisar de um volume de informação trocada absolutamente inimaginável. Os semáforos, sinais de trânsito e as passadeiras viveram décadas offline, não tinham de comunicar de forma interativa nem com as pessoas, nem com os carros. Vê-se aí uma oportunidade, gerir a pressão sobre as infraestruturas, perceber quais são os fluxos de mobilidade das pessoas e tirar partido dessa comunicação constante entre as coisas para que depois resulte num maior bem-estar”, disse João Ricardo Moreira, administrador da NOS comunicações. O executivo admite que, pela primeira vez, o grande impacto de uma nova geração de comunicações móveis vão ser mais sentido, numa primeira fase, pelo sector empresarial do que do lado dos consumidores. “Confirmo, no 5G o protagonismo que as aplicações empresariais vão ter ou já estão a ter é de facto enorme e do nosso ponto de vista, que trabalhamos a transformação digital das empresas portuguesas, vemos nisto uma oportunidade de ouro”, explica. “Não porque não vá ter impacto do lado residencial, porque vai, muito provavelmente o 5G vai permitir entregar ao consumo de vídeo velocidades de download absolutamente inimagináveis há pouco tempo, mas porque efetivamente a utilidade maior vai ser vista nos exemplos [referidos]”. A NOS não decidiu ainda qual será a primeira cidade portuguesa na qual vai fazer a estreia da sua rede 5G comercial – a empresa tem feito testes-piloto financiados pelas autarquias – apesar de existirem “algumas hipóteses em cima da mesa”. O que a NOS diz é que quer aproveitar esta aposta no lado mais empresarial do 5G para ganhar dianteira no mercado. “Queremos estar na linha da frente, queremos liderar a adoção do 5G, seja do ponto de vista tecnológico, seja do ponto de vista do aproveitamento dessa mesma tecnologia para os diferentes fins”, disse ainda o administrador. Questionado sobre que velocidades a empresa já consegue atingir e teria capacidade de disponibilizar no imediato caso Portugal estivesse preparado para o lançamento comercial do 5G, João Ricardo Moreira salienta apenas que “a NOS entregará o máximo das velocidades que o standard permitir” e que no caso do 5G pode chegar a 26 Gbps, mas que os resultados estarão sempre condicionados pelos dispositivos que estão nas mãos dos consumidores. O responsável admitiu ainda que a NOS está “confortável com o tempo em que está a decorrer [o lançamento do 5G em Portugal]”, cuja venda do espectro ainda não foi feita e que deverá atirar a estreia da nova geração de comunicações para 2020, quando alguns países europeus, como a Suíça e Reino Unido, já têm redes 5G ativas e em Espanha, por exemplo, o ‘arranque’ vai ser feito neste sábado. “Acreditamos que um pouco mais à frente estarão reunidas todas as condições do ecossistema para que as pessoas sintam o benefício da tecnologia 5G”. João Ricardo Moreira endereçou ainda a preocupação de esta nova fase tecnológica pode criar um fosso maior entre as grandes cidades do litoral e o interior de Portugal. Algo que para o executivo não deverá acontecer, pela maior modularidade que as redes 5G permitem. “Diria que apesar de reconhecer que é assimétrica a evolução no sentido das cidades inteligentes – é um facto – a verdade é que não há propriamente barreiras que impeçam os municípios do interior ou os municípios mais pequenos de fazer um caminho até mais rápido do que as grandes cidades”. Deixou ainda um aviso aos líderes dos municípios: “Do meu ponto de vista, estão reunidas as condições para que cada dia que passa, já seja tarde para que as cidades efetivamente entrem nisso. Desse ponto de vista, há pressão dos parceiros tecnológicos para poder dizer isto mais alto, estaremos a perder tempo se não entrarmos nessa jornada mais cedo”.
Adaptado do artigo original publicado no dn.insider
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