Várias torres de telecomunicações no Reino Unido foram incendiadas por adeptos da conspiração que atribui o Covid 19 ao 5G na cidade chinesa de Wuhan, epicentro da pandemia.
Quem ler os relatos históricos de penitência e autoflagelação pública de multidões no Rossio de Lisboa a seguir ao terramoto de 1755 dirá que tais atos foram provocados por um obscurantismo místico que, na atual época iluminada pela ciência, não poderia acontecer. Nesta época de ciência, como é então possível explicar os incêndios a torres de telecomunicações (alegadamente de 5G) no Reino Unido no passado fim-de-semana e os milhares de publicações e comunicados pseudocientíficos que proliferam nas redes sociais, e que atribuem o aparecimento do novo Coronavírus ao protocolo de comunicações 5G? Não se sabe quem começou esta nova teoria da conspiração, mas é atribuído por estes cabalísticos imaginativos o aparecimento do COVID-19 ao facto de a cidade de Wuhan ter recebido cobertura da rede de 5G no segundo semestre de 2019. As propriedades "maliciosas" do 5G confundem-se com uma outra questão, essa de carater mais séria, sobre a carga de emissões não ionizantes a que as pessoas nas cidades estão crescentemente a ser sujeitas. Todo este debate é anterior ao próprio 5G, e tecnologias como o carregamento de dispositivos por indução ( sem contacto) só vém aumentar a premência do tema. A compreensão dos limites das cargas não ionizantes sobre humanos é um campo de estudo com bases perfeitamente definidas, e limites impostos por regulamentos claros – se atendermos a cada emissor de rádio de forma singular, isto é, cada um isoladamente. Estes limites de segurança do campo eletromagnético tém por variáveis quatro factores na equação:
Ocorre que o 5G, do ponto de vista da radiação eletromagenética emitida, não é em nada diferente dos anteriores protocolos de transmissão, nem na potência usada nas torres de emissão nem na frequência, que é só marginalmente superior no caso da chamada banda média, aquela que neste momento está em implementação. As variáveis distância e tempo são as mesmas às que a humanidade está habituada desde os anos 90 aquando do início do GSM. O que difere no 5G face ao LTE é o protocolo de transmissão em si, mas a menos que as nossas células já tenham evoluído para descodificar linguagem binária da computação, os teóricos da conspiração não tem qualquer base cientifica, somente contam com o medo e confusão das pessoas nesta época especialmente escura. |