A geração 5G abre portas a inúmeras oportunidades, mas as restrições na utilização de equipamentos e o possível atraso na implementação da nova geração de telecomunicações pode ter um impacto negativo na Europa
É sabido que durante o período de pandemia as redes de telecomunicações tiveram um papel determinante para que a economia não parasse por completo; as organizações poderam passar para um trabalho totalmente remoto sem grandes sobressaltos exatamente por causa da facilidade de comunicação que existe atualmente. As velocidades de conexão mais rápidas que poderão ser atingidas com o 5G, juntamente com novos casos de estudo, serão preponderantes para impulsionar a produtividade e os negócios. Além do mais, a construção das infraestruturas 5G necessárias em vários países podem fornecer um estímulo financeiro importante a curto prazo. No entanto, a recessão associada à pandemia atrasou a adoção da tecnologia – Portugal, por exemplo, adiou o leilão – e as reais oportunidades e benefícios do 5G vão chegar mais tarda as empresas. Um crescimento económico mais lento e a incerteza que o mundo atravessa levaram as operadoras de todo o mundo a resfriar o seu investimento. Na Europa, assim como um pouco por todo o mundo, o mercado de infraestruturas de redes de telecomunicações é dominado por três empresas: Ericsson, Huawei e Nokia. Estas foram as principais empresas responsáveis pela instalação das redes 4G. Um estudo da Oxford Economics e da Huawei refere que “a participação de uma destas organizações – a Huawei – na implementação do 5G será provavelmente restriginda por uma série de decisões políticas”. Tal como já é sabido, tanto os Estados Unidos da América como a Austrália restringiram a competição para os contratos de infraestrutura da nova geração de telecomunicações. Simultaneamente, outros mercados viram os seus governos impôr restrições ou a considerar a exclusão completa da empresa chinesa das suas redes 5G. A Comissão Europeia, por seu lado, não referencia a Huawei, mas recomenda os Estados-Membro a ter em consideração as implicações de segurança sobre as prioridades económicas e industriais. O estudo em questão indica que “a teoria económica sugere que restringir a competição leva a preços mais elevados – como tal, é de esperar que restringir um grande player de competir nas redes 5G vá levar a um maior custo de investimento e a diminuir o tempo de implementação” destas redes. Num cenário de custo central, a Oxford Economics acredita que restringir um fornecedor chave da infraestrutura 5G de 31 países europeus vá aumentar o investimento nas redes de geração em três mil milhões de euros por ano, um aumento de 19%, durante a próxima década. Tal como já foi referido, retirar um dos principais fornecedores vai levar a um maior tempo de implementação por parte dos restantes. Neste cenário, estima-se que, em 2023, apenas 56 milhões de europeus tenham acesso a redes 5G. Por fim, a Oxford Economics acredita que “um atraso no lançamento do 5G também resulta numa inovação tecnológica mais lenta e num crescimento económico reduzido. No nosso cenário de custo central, isto resulta em reduções do PIB nacional em 2035, variando de 13 milhões de euros na Islândia a 7,3 mil milhões de euros em França. O PIB total perdido em 2035 nos 31 países no estudo é estimado em 40 mil milhões de euros a preços de 2020”. No caso de Portugal, o estudo refere que o país deverá enfrentar um aumento médio no custo de investimento nas redes de próxima geração de 63 milhões de euros por ano e que, em 2023, apenas um milhão de pessoas terá acesso a redes 5G. A estimativa de perda permanente de PIB em Portugal derivado da demora em implementar 5G será de 500 milhões de euros até 2035. |