O piloto de 45 dias vai comparar três tecnologias diferentes em três portas de embarque de forma a testar o uso de reconhecimento facial para agilizar o processo de embarque
O Aeroporto Internacional de Filadélfia vai implementar um programa piloto de 45 dias para scanners de reconhecimento facial que verificam a imagem ao vivo de uma pessoa com fotos do governo. Os scanners devem ajudar a alfândega a processar os passageiros e agilizar o processo de embarque. As portas A15, A16 e A17 vão usar diferentes tecnologias de identificação biométrica para uma seleção de voos internacionais da Qatar, British Airways, Lufthansa e American Airlines. Posteriormente à conclusão do programa piloto, o aeroporto irá avaliar que marca teve o melhor desempenho para uso permanente. Eventualmente, a entidade americana de proteção fronteiriça (CBP - Customs and Borders Protection) irá também aplicar o sistema para as entradas no país, mas ainda não existe cronograma para esta instalação. Todos os viajantes serão submetidos a reconhecimento facial, a menos que peçam especificamente para não o serem; embora os estrangeiros sejam obrigados a fazer uma verificação adicional, podem optar por não fazer a verificação nos voos de saída e ser identificados por outros documentos, explica Stephen Sapp, porta-voz da CBP. “Foi projetado para agilizar o embarque, eliminando o tempo gasto pelos assistentes para verificar a identidade do passageiro manualmente", refere Sapp. Os passageiros ainda terão que apresentar o cartão de embarque e passaportes durante o programa piloto, mas com o tempo espera-se que a tecnologia substitua totalmente o processo de check-in em papel. A instalação faz parte de um mandato federal e de mais de uma década de pressão por parte do Congresso para monitorar as entradas e saídas de viajantes estrangeiros. Conforme relatado pelo Washington Post, o Congresso aprovou em 2016 o uso de até mil milhões de dólares das receitas do emissão de vistos para financiar a implementação desta tecnologia. Atualmente, existem 26 aeroportos nos Estados Unidos que usam tecnologias biométricas para monitorizar saídas do país e 16 para onde monitorizam entradas e saídas, mais seis portos marítimos, também para entradas e saídas. Autoridades governamentais dizem que a tecnologia fornece segurança adicional e já identificou sete pessoas a viajar com os documentos de outra pessoa desde setembro de 2018. Contudo, como sempre acontece com estas tecnologias, já se fazem sentir preocupações relativamente à privacidade, imprecisões, enviesamentos discriminatórios e potencial uso indevido dos dados recolhidos. "A automação no processo de embarque faz sentido do ponto de vista da eficiência e da economia", disse Michael Kearns, professor da Universidade da Pensilvânia, especialista em machine learning. "Mas isto também significa que serão registados muito mais dados sobre nós”. As tecnologias biométricas já não são novidade nos aeroportos; a British Airways já as usa no aeroporto de Heathrow há quase nove anos. Enquanto os passageiros estão a embarcar, um tablet montado no quiosque do portão analisa o rosto e cruza-o com um banco de dados de fotos de passaportes e vistos. Se as imagens coincidirem, a máquina permite o embarque do passageiro. Se houver uma incompatibilidade, a tela pisca e a pessoa é chamada de parte para triagem adicional. Depois da identificação, as fotografias tiradas a cidadãos são eliminadas em 12 horas, e as de viajantes estrangeiros em 14 dias, mas podem ser retidas no Sistema de Identificação Biométrica Automática do Departamento de Segurança Interna, de acordo com a CBP. A imprecisão e segurança são também uma preocupação. Kearns disse que o machine learning tradicional é inerentemente tendencioso – com o tempo, certas minorias podem sofrer atrasos no embarque ou ser chamados de parte com mais frequência. "A questão não é se serão cometidos erros – serão. A questão é como é que estes erros serão distribuídos distribuído entre os grupos demográficos". |