A plataforma Bee2WasteCrypto permitirá a quantificação, a caracterização da produção e a otimização das tecnologias a usar na gestão dos resíduos, em função dos objetivos ambientais e de serviço de cada entidade gestora, com recurso a tecnologia blockchain
A Compta, NOVA Information Management School, Instituto Superior Técnico e 3drivers uniram-se para criar uma plataforma inovadora, recorrendo a tecnologia blockchain, que irá permitir às Entidades de Gestão de Resíduos otimizar a sua operação e implementar sistemas Pay As You Throw (PAYT). O projeto foi um dos 10 projetos selecionados pelo Programa Carnegie Mellon, uma parceria internacional que reúne empresas e universidades portugueses e equipas de investigação da prestigiada universidade americana, Carnegie Mellon University, com a missão de colocar Portugal na linha da frente da inovação em áreas chave do campo das Tecnologias de Informação e Comunicação (ICT). O projeto conta com uma linha de financiamento de 2,7 milhões de euros do COMPETE 2020 e da FCT. Esta nova plataforma, o “Bee2WasteCrypto”, permitirá a quantificação, a caracterização da produção e a otimização das tecnologias a usar na gestão dos resíduos, em função dos objetivos ambientais e de serviço de cada entidade gestora, considerando o contexto em que atua. Recorrendo à tecnologia blockchain e a uma carteira de criptmoedas, será possível implementar mecanismos de incentivo do tipo PAYT, para estimular boas práticas do cidadão, das quais dependem o sucesso de qualquer estratégia de gestão de resíduos. Poderá assim ser produzida informação fiável com vista à criação de “créditos de reciclagem”, método análogo aos de créditos de carbono em uso no setor de energia. Na União Europeia (EU), são gerados, em média, 480 kg de resíduos sólidos urbanos por pessoa todos os anos, dos quais apenas 46% são reciclados ou submetidos a compostagem, enquanto um quarto é depositado em aterro. Os resíduos urbanos representam cerca de 10% do total de resíduos gerados na UE, sendo, no entanto, um dos fluxos mais complexos de gerir devido à sua composição diversificada, grande número de produtores e à fragmentação de responsabilidades. Trata-se assim de um desafio global, que exige novas respostas de cada um de nós, as quais podem ser induzidas com inovação e mais “inteligência urbana”, essenciais para que todos os Estados-Membros atinjam a meta de 55% de resíduos urbanos reutilizados e reciclados até 2025. Para Tiago Andrade, responsável pela área de Digital Products da Compta: “Não basta apenas reconhecer que não existe um planeta B! É urgente a promoção de comportamentos mais sustentáveis de produção e separação de resíduos. E para isso, temos de procurar e implementar soluções mais inteligentes para reduzir essa produção, recompensando a valorização e reciclagem. Este é o racional para o desenvolvimento do Bee2WasteCrypto, levar todos os atores da cadeia de produção, da recolha e tratamento de resíduos a de facto, terem verdadeiramente interesse na reciclagem, dando para isso um incentivo através da distribuição de benefícios financeiros. Este é o desafio que todos neste consórcio alargado aceitámos. Desenvolver uma plataforma tecnológica que permita de forma simples e intuitiva a gestão e melhor otimização de todos estes fluxos incluindo a distribuição da sua remuneração como argumento central para reduzir e aumentar a valorização de resíduos.” Para Paulo Fernandes, coordenador I&DT do projeto Bee2WasteCrypto na Compta: “a validação de operações financeiras em tempo real e a sua possibilidade de interação com múltiplos sistemas de tratamento de resíduos só é possível realizar via blockchain. Estamos a apostar profundamente nesta tecnologia base para os produtos Bee2 da COMPTA. Bee2Waste é o primeiro produto a ver esta tecnologia implementada de forma estruturante”. O Bee2WasteCrypto será a primeira ferramenta tecnológica a fornecer uma solução totalmente integrada para projetar soluções de gestão de resíduos, desde a produção até à transformação, maximizando a dimensão económica e minimizando o seu impacto ambiental, com base numa filosofia de economia circular. Para Miguel de Castro Neto, coordenador do NOVA Cidade – Urban Anaytics Lab, que lidera a participação da NOVA Information Management School no Bee2WasteCrypto,“é vital explorar o potencial da transformação digital para construir novas abordagens que permitam cumprir a ambição dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, em particular no que se refere às cidades e comunidades e cidades sustentáveis (ODS 11), onde procuramos garantir um futuro sustentável, inclusivo, resiliente e seguro. Temos de apostar em tecnologias disruptivas, como o blockchain e as criptomoedas, para melhorar a eficiência dos sistemas e induzir alterações de comportamento numa área crítica como é aquela dos resíduos “. Já Paulo Ferrão, Professor catedrático do IST, “considera que a otimização da gestão de resíduos exige o conhecimento detalhado das tecnologias de recolha, processamento e valorização de resíduos, as quais têm de ser selecionadas e articuladas em função da especificidade da distribuição regional da produção de resíduos, da sua composição e da sua quantidade, o que torna cada sistema único, justificando-se assim a sua otimização – não há soluções que sirvam a todos quando pretendemos cumprir metas muito exigentes, como as que se perspetivam. Este é o momento para as tecnologias de informação estarem presentes em cada dimensão da gestão de resíduos, e o Bee2WasteCrypto será pioneiro nesta revolução”. Acrescenta ainda António Lorena, Managing Partner da 3drivers, “o sector dos resíduos precisa de uma revolução como aquela que o sector da energia ainda hoje vive. Precisamos de ferramentas que permitam otimizar os sistemas como um todo, potenciando soluções de múltiplas escalas e integradas no contexto urbano e industrial da região. O Bee2WasteCrypto permitirá a todos os responsáveis pela gestão de resíduos encontrarem as melhores soluções do ponto de vista ambiental e económico”. Além disso, o Bee2WasteCrypto contribuirá para mudar o comportamento dos cidadãos, incentivando-os a adotar hábitos de reciclagem e reutilização, através do pagamento de tokens, aumentando dessa forma o valor económico dos resíduos. Dessa forma, as empresas de gestão de resíduos podem alavancar os seus negócios, dando parte do seu lucro aos cidadãos, contribuindo para uma economia circular e um ambiente mais sustentável. |