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Lisboa recebe projeto piloto de mobilidade urbana

Lisboa recebe projeto piloto de mobilidade urbana

O projeto AUTOCITS visa facilitar a circulação dos veículos sem condutor em meios urbanos de vários países na Europa, com uma convivência segura com os restantes veículos, o meio envolvente, e a legislação

 

 A ANSR e a Indra apresentaram dia 10 de Outubro em Oeiras os avanços do projeto europeu de inovação AUTOCITS, que vai testar a condução autónoma nas áreas metropolitanas de Lisboa, Madrid e Paris, as três maiores cidades do denominado Corredor Atlântico, formado por vias consideradas prioritárias para o desenvolvimento da infraestrutura de transporte europeia.

O Secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, presidiu à sessão inaugural e o encerramento foi efetuado pelo presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), Jorge Jacob. O evento contou com a participação de todos os parceiros do projeto, bem como outros stakeholders - forças de segurança, organismos do Estado, universidades, institutos de investigação, gestores de vias, empresas do sector ITS e do setor segurador do ramo automóvel.

O objetivo do projeto AUTOCITS é contribuir para que se possa adaptar a legislação, os centros de controlo de tráfego e as infraestruturas à condução autónoma para melhorar a interoperabilidade dos veículos autónomos, garantir a sua correcta circulação através de todo tipo de estradas na Europa e a sua convivência segura com os restantes veículos. Para o efeito estão a desenvolver-se serviços inteligentes de transportes baseados em sistemas cooperativos (C-ITS), que permitem a comunicação e o intercâmbio seguro de dados entre veículos, utilizadores e infraestrutura, utilizando o standard de comunicações europeu ITS-G5.

No projeto piloto de Lisboa os serviços C-ITS a implementar vão contribuir para ampliar a “visão” do veículo autónomo através de alertas sobre congestionamentos de trânsito, notificações sobre veículos lentos ou estacionados e avisos sobre condições climatéricas adversas. Para a realização dos testes está previsto dispor de dados reais e simulados, para poder criar diferentes serviços em função dos requisitos.

Em Lisboa, o projeto piloto vai realizar-se na autoestrada A-9, no ramo entre a A16 e a N6. Para a comunicação com os veículos vão ser instaladas seis unidades de estrada RSU (Roade Side Units) e serão utilizados pelo menos dois veículos autónomos, do IPN e da Universidade Politécnica de Madrid (UPM), e uma viatura instrumentada para realizar os testes de validação dos serviços e das infraestruturas.

Para a realização das provas num meio mais urbano serão utilizados outros dois veículos autónomos de baixa velocidade que funcionarão como incubadoras no IPN, permitindo o transporte de passageiros num troço aproximado de 500 metros.

 

Primeiros testes do veículo autónomo em Madrid

O projeto piloto já arrancou em Madrid, onde já se realizaram os primeiros testes. Para este piloto desenvolveram-se três serviços C-ITS que permitirão que o veículo autónomo tome de decisões através de avisos como, por exemplo, notificações sobre obras nas estradas, situações de congestionamento ou de condições climatéricas adversas.

Estes serviços C-ITS foram integrados na solução de gestão de tráfego e túneis Horus, de desenvolvimento próprio da Indra, para o qual foi criado um novo módulo que permite gerir o envio de informação ao veículo autónomo ou conetado assim como aproveitar todos os dados que este tipo de veículos produzem, processando-os em tempo real e oferecendo informação de valor para a tomada de decisões dos gestores, dos próprios veículos conectados e dos condutores dos veículos convencionais.

A plataforma Horus, implementada na nuvem, obtém informação das incidências através do canal de informação da Direção Geral de Tráfego (DGT) através do protocolo DATEX2, um standard europeu para o intercâmbio de informação entre centros de controlo de tráfego.

Também já se está a instalar no cenário do projeto piloto o busVAO da A-6 que liga com a circunvalação M-30 em Madrid, as primeiras unidades de estrada RSU (Roade Side Units), que dispõem de várias tecnologias de comunicação ITS-G5 e comunicações móveis. Estes equipamentos enviarão a informação para os veículos autónomos e conetados quando estejam a circular pela via reversível de alta ocupação da A-6.

 Para além deste arranque inicial, já se realizaram os primeiros testes com um veículo autónomo em circuito fechado nas instalações da Indra em Madrid para testar o correcto envio e recepção de informação.

 

Intercâmbio de serviços entre pilotos

Em Paris, para além deste tipo de avisos de situações perigosas serão notificados os engarrafamentos e tentar-se-à geri-los, proporcionando informação sobre a velocidade ou vias recomendadas, alternativas, etc. utilizando a comunicação I2V a partir do centro de controlo para os veículos autónomos. Os testes serão realizados na auto-estrada A-13 nos arredores da cidade.

Tanto o piloto de Madrid como os de Lisboa e Paris são pioneiros no Corredor Atlântico e dos primeiros que vão incluir na Europa testes de veículos autónomos, de diferentes fornecedores, fechados e abertos ao tráfego convencional em vias urbanas, suburbanas e ligações com autoestradas. Está previsto que os serviços e sistemas que se testem numa determinada cidade se intercambiem com os das restantes duas para comprovar que são interoperáveis e funcionam correctamente.

 

Ecossistema de colaboração

Para além da Indra, participam no projeto AUTOCITS a Direção Geral de Tráfego (DGT), a Universidade Politécnica de Madrid (UPM), a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), a Universidade de Coimbra (UC), o Instituto Pedro Nunes (IPN) e Inventeurs du Monde Numérique (INRIA). O projeto tem um orçamento de 2,6 milhões de euros e financiamento do programa europeu CEF (Conecting Europe Facility).

O AUTOCITS está ainda a colaborar com outras iniciativas de I+D+i existentes à escala europeia neste âmbito, como por exemplo, a plataforma C-Roads e o projecto C-Roads Spain, assim como com outras entidades interessadas em projetos relacionados com o veículo conetado e autónomo. Para o efeito, estão a realizar-se uma série de workshops, como o que se realiza no dia 10 de outubro, para que entidades com interesse nesta área se possam incorporar e contribuir com a sua visão sobre o veículo autónomo e os trabalhos desenvolvidos no projeto.

 

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